Bahia 2019: a ida


A decisão de voltar à Bahia aconteceu de maneira meio torta: tínhamos decidido planejar uma viagem à Colômbia, com ênfase em Bogotá e Medellín. Adiamos tanto que acabamos por concordar que não era o momento para essa viagem. Mas nós já sentíamos um certo cansaço e aquela vontade de uma porrada de dias sem fazer coisa alguma. Foi Bia quem soltou a ideia de fazermos uma viagem de carro. Pensamos, inicialmente, em ir lá para cima e ir descendo. Só que para uma viagem como essa ser minimamente prazerosa, precisaríamos de uns trinta dias de férias. Só tínhamos quinze. Então, vamos diminuir. Escolhemos uns 4 ou 5 pontos e nosso roteiro ligaria esses pontos, guardando uns cinco dias para ida e volta. Hmm...não vai sobrar muito, uns três dias em cada lugar. Decidimos que o destino seria o litoral da Bahia, depois de descartar começar a viagem mais para cima em Sergipe ou na Paraíba. Depois de considerar um pouco mais e eliminar algumas paradas por razões logísticas, decidimos por duas regiões distintas, que ainda não conhecíamos: Península de Maraú, na região de Itacaré, Costa do Dendê, e Arraial d´Ajuda, na Costa do Descobrimento.
Em princípio passaríamos uns dias também no Eco Resort Tororomba, para onde fomos em 2016, na Costa do Cacau, mas resolvemos deixar essa ideia de lado. Separamos quatro dias para a ida e a volta, mais do que suficientes para os cerca de 1400 quilômetros em cada perna.
1437, no caso da ida, cujo pernoite seria em Brumado, BA, depois de descartarmos Correntina, Bom Jesus da Lapa e Caetité, pela distância.
Saímos cedo e a viagem rendeu surpreendentemente bem. BR020, BR349, esta com um trecho estranhíssimo, cheio de ondulações, sem acostamento e com o mato alto, formando verdadeiros muros. Rendeu tão bem que desistimos de dormir em Brumado e tocamos até Vitória da Conquista. Neste trecho, na BA262, pegamos chuvas fortíssimas. Aproveitamos a parada em Brumado para reservar hotel em Vitória, o que evitaria ficarmos rodando em busca de lugar para dormir. Um Íbis foi a solução e tocamos. Chegamos depois do pôr-do-sol e de cerca de 1004 quilômetros rodados.

Tínhamos uma ideia do que teríamos pela frente no segundo dia, cerca de 50 quilômetros de estrada de terra ruim. O início da manhã nos reservaria uma grata surpresa: a Serra do Marçal, na BR415/BA263, entre Vitória da Conquista e Itambé. Paisagens de tirar o fôlego, estradinha cheia de curvas que me fez querer passar por ali de moto. Na foto de satélite não dá para ter ideia, mas este pequeno trecho é travadíssimo:

Após uma sequência de vilarejos que parecia interminável, lançamo-nos em dezenas de curvas, subidas, descidas e essa cobrinha aí em cima que me remeteu à Serra do Rio do Rastro. Passamos por Itambé, Itapetinga e Itabuna, na direção de Ilhéus.
Photo by Bia

Photo by Bia
O Google Maps nos fez entrar em certos locais que nos fizeram temer por nossa segurança. Depois de contornar a cidade, entramos na BA001 em direção a Itacaré e à BR030 que nos conduziria pela Península de Maraú. 
Tínhamos uma dica aqui, que repasso: logo depois de Ilhéus tem um local, à esquerda, chamado Cabana da Empada. Não deixe de parar aqui. 
Recomendo as de camarão e de carne de fumeiro (carne de porco defumada). Bia comeu a boliviana e a de palmito. Igualmente espetaculares.
Estávamos preparados para o rali. Só. Que. Não.
Os primeiros 20 quilômetros de BR030 estavam excelentes e dava para andar até a 90 km/h com segurança. No entroncamento viramos para Maraú - eu achava que era para onde tínhamos que ir. Não era. Corrigimos o engano tomando uma estradinha no meio da mata, com areiões, cavas e buracos. Essa estradinha nos levou de volta à BR030, no trecho onde começava a desgraceira. Cansados do dia passado na estrada, este trecho foi uma baita de uma tortura. A chuva tinha provocado muitos estragos e a estrada parecia que tinha sido bombardeada, tamanha a quantidade e variedade de buracos. A manutenção não chegaria ali tão cedo. Valas, costelas de vaca e uma infinidade de mini-crateras nos fizeram diminuir muito a marcha para não acabar com o carro (e conosco). Parecia que quanto mais devagar andávamos, mais sacolejávamos. Este trecho acabou conosco. Achei que tinha terminado quando saímos da 030 e tomamos o acesso para Barra Grande. Não. Buracos e valas mal eram suavizados pela areia fofa. Assim, pouco mais de 1400 quilômetros depois, chegamos a Barra Grande.

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