Resort é uma boa?

Resort Tororomba, Ilhéus/BA
Qualé a dos resorts? São tantos por aí que devem ser uma boa ideia, não?
Tem de todo tipo e tamanho. Tem os quase hotéis, tem os "all-inclusive", tem os pequenos, os enormes.
Os preços desses estabelecimentos sempre me pareceram exagerados. Tudo bem, "tá tudo incluído", mas quem é que consegue ficar o dia todo comendo e bebendo? As acomodações sozinhas justificariam o preço? E os serviços? O atendimento? As facilidades?
Bem, resolvemos, eu e minha adorada alma-gêmea, ver com nossos próprios olhos. Escolhemos um de uma rede conhecida, o Grand Palladium, em Imbassaí, distrito de Mata de São João, Bahia. Resorts all-inclusive ficam em locais mais afastados, tanto pelas dimensões que devem apresentar, quanto para, digamos, impedir que você se sinta impelido a visitar outros locais. Tudo de que precisa para suas férias está ali, à mão. Algo não vai funcionar direito, certo? Essa é a dúvida que fica ali, coçando: o que será que vai dar errado?
Se você é como eu, vai chegar em qualquer hotel observando tudo, os funcionários, os demais hóspedes - você tem que saber com quem está lidando-, as instalações. Eu abro e fecho tudo quando chego no quarto: armários, torneiras, chuveiro (principalmente este), janelas, etc. Quero saber o que tem no quarto e o que funciona. Tem coisa pior que descobrir, depois de uma longa viagem, que o chuveiro é uma bela merda? Sem pressão, água quente que não estabiliza, e por aí vai? Tem mini-bar? O que tem nele? E os preços? Serviço de quarto?
Os resorts "all inclusive" são mega-empreendimentos. Sempre. Atraem milhares todos os anos, em qualquer época do ano. Casais não são raros, mas famílias são bem mais comuns. Os resorts atraem pois os pais podem ficar despreocupados por haver estrutura física e humana para lidar com os pequenos. Somos um casal que prefere lugares mais tranquilos, costumamos fugir da muvuca, razão pela qual fazemos uso da vantagem de não termos filhos e viajamos fora de temporada. Em resort, isso é quase impossível. Viajamos em setembro e o lugar estava cheio. Não completamente cheio, acredito, mas cheio. A maioria dos hóspedes era de turistas argentinos. E criança, muita criança.  Carregamos as baterias do módulo de paciência e lá fomos nós.
Acredito que resorts devem ter de levar em conta o absurdo de comida e bebida que vai ser desperdiçado. Vai ser e é. Com bufês abertos quase o tempo todo, torneiras de chope à disposição e bares por todo lado, é muito fácil ficar trocando a bebida só porque esquentou. Mas isso revela mais sobre o hóspede do que sobre a filosofia do empreendimento. É lógico que o empresário não incentiva esse desperdício, mas não vimos em lugar algum qualquer iniciativa que incentivasse o consumo consciente. Talvez porque isso não soaria muito bem para os hóspedes que "estão pagando", como ouvimos muita gente dizer. Crianças e adolescentes que se servem de comida e bebida para prontamente abandonar o que acabaram de pegar são um ótimo exemplo.
Nos restaurantes que trabalham com bufê, as pessoas parecem se esquecer que podem fazer várias viagens e servir-se de porções menores. Enchem os pratos com misturas bizarras para, logo depois, deixar de lado pois os olhos foram maiores que as barrigas.
Algo que sempre observo em hotéis é o respeito dos funcionários pelos hóspedes. Minha birra é específica e vai para as camareiras e outros profissionais que trabalham pelos corredores sem levar em consideração que deveriam manter o silêncio o tempo todo. É um hotel, e pode ter gente dormindo durante o dia.
A meu ver é uma falha de treinamento e de gerência. Lá na Bahia, notamos de cara a polidez dos funcionários, dos encarregados da limpeza das piscinas às camareiras e garçons/garçonetes. Entre eles, não importa onde estejam, nada de conversar em voz alta e brincadeiras bobas. Não ouvimos a camareira em nosso andar uma única vez. O hotel destaca uma camareira específica para um determinado número de quartos. Assim, durante toda a nossa estadia, nossa camareira foi sempre a mesma. Não notamos, em momento algum, má vontade ou impaciência. De nossa parte, fazemos o possível para não parecermos do tipo que nem obrigado diz - e há muitos desse tipo.
Nossa experiência foi positiva, senão um tiquinho longa demais. Entretanto, acho que ainda prefiro hotéis e pousadas a estabelecimentos desse porte. Conseguimos descansar, mas evitamos a piscina principal a todo custo. Felizmente o resort tinha uma piscina só para adultos - e houve quem reclamasse disso, querendo que se abrisse uma exceção, afinal é uma criança de colo. Claro, tem sempre alguém que acha que as regras podem ser relaxadas "só para ele" ou "só essa vez". Para nosso sossego, o funcionário foi firme em sua negativa.
Faríamos de novo? Maybe. Mas nem tão cedo.



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