Copa das Copas: que sobreviva o futebol
Não entendo de futebol. Assisto pouco, normalmente jogos do meu querido Verdão e da Seleção. Mas, não entendo patavina. Não é raro eu chegar em algum lugar, um boteco quase sempre, e comentar que jogador A jogou bem, para ser refutado por meia dúzia de amigos que realmente entendem de futebol.
Mas não é preciso ser expert para perceber que o futebol brasileiro passa por um momento crucial. O problema não é novo, mas precisou uma derrota acachapante para que muita gente, entre leigos e entendidos, desse vazão ao que não se tinha coragem sequer de pensar: o futebol brasileiro precisa de um choque de realidade. Na minha opinião, na minha leiga opinião, o maior legado da Copa será uma séria discussão, a ser seguida por ações concretas e urgentes, sobre a estrutura do futebol tupiniquim e os rumos - e remédios amargos - que deverá tomar a partir de agora.
Nossos superfaturados estádios expuseram uma faceta do esporte que encanta milhões e exporta craques: somos incrivelmente amadores. Compare hoje estádios como o Morumbi e Pacaembu com os novos Arena Corinthians e Allianz Parque. Os dois primeiros ficaram com cara de estádios de interiorzão. Não se pode esperar profissionalismo quando jogamos em estádios construídos há 40, 50 anos, cujas estruturas passaram por poucas - se passaram - reformas ao longo dos anos. Ao mesmo tempo que frequentamos esses locais, sonhamos admirados com os estádios europeus e suas estruturas modernas, confortáveis, seguras e bem equipadas. E ainda tem gente que defende a volta das gerais. O problema não é o fim da geral, mas do aumento abusivo nos preços dos ingressos, com a desculpa do volume de investimento feito. Esse aumento sim, espantou o torcedor comum dos estádios. A volta da geral significaria a manutenção do status amadorístico do nosso futebol, situação essa que só interessa à cartolagem inescrupulosa.
Alguém que já tenha morado no exterior tente me explicar o seguinte: por que o nosso futebol e os nossos craques são renomados e admirados, mas ninguém compra a transmissão do nosso Brasileirão? Foram raríssimas as vezes que vi, na televisão europeia, futebol brasileiro sendo mostrado e ainda assim em rápidos "melhores momentos". Nós, por outro lado, compramos e assistimos a tudo quanto é campeonato. Até o grego. Isso é sinal de alguma coisa, não? E não nos vangloriemos da invenção do sprayzinho de espuma de barba. É legal, mas é muito pouco.
A exportação de profissionais é boa para o esporte. Mas não basta. Muitos desses profissionais não voltam para cá a não ser em fim de carreira, ou para jogar na seleção, de vez em quando. Precisamos deixar o orgulho de lado e importar também técnicos. A CBF quebra a cabeça para substituir Mano Menezes, Dunga e Felipão. Ora, que tal fazer uma oferta ao Guardiola, ao Mourinho, ao Klinsmann ou algum outro desse calibre? É tão herética assim a ideia de técnico estrangeiro dirigindo a seleção? Ou em clubes, que seja? Até quando vamos ficar nessa de país do futebol, de estádios ruins e futebol - me desculpem os entendidos - pra lá de feio e ineficiente? Se nosso futebol é tão fantástico, por que o sonho de 11 em cada 10 jogadores é ir para a Europa?
Recapitulando: os novos - vá lá, superfaturados - estádios, ou Arenas, como preferir, expuseram a falta de conforto e de segurança dos velhos estádios. Quem viu o documentário sobre a demolição da Fonte Nova, deve ter ficado, como eu fiquei, horrorizado com as cenas de concreto se desfazendo nas mãos dos engenheiros. E não era a área das cativas não, mas a da geral, que estava caindo aos pedaços. Que mais clubes e cidades sigam o exemplo e passem a adotar o novo padrão de estádio. E não precisa superfaturar, apenas fechar um bom contrato. Como Palmeirense, cito novamente o Allianz Parque, que ficará pronto por cerca de R$ 500 milhões. A cessão dos direitos do nome rendeu ao clube cerca de R$ 300 milhões. É essencial que se mude a maneira como o futebol é encarado por aqui.
Faz-se necessária uma urgente reestruturação dos órgãos digo, entidades, que comandam o esporte. Saem cartolas e entram gestores e administradores. A criação de uma liga, nos moldes das ligas norte-americanas pode não ser a solução, mas são uma alternativa interessante, como sugeriu um amigo.
Mas tenho dúvidas se a vexatória derrota para a Alemanha vai ser suficiente para deflagrar essa discussão e promover a mais que necessária mudança na montanha que é a CBF. Meu medo é que semana que vem tudo terá sido esquecido e continuaremos com nosso Brasileirão como sempre foi e com técnicos mais ou menos bons, tentando montar uma seleção só com "estrelas" sem a preocupação com a base, já que esta, como está, só quer chegar a times de primeira divisão para usá-los como trampolim para o exterior e quem sabe ser escalado para uma próxima campanha mais ou menos da Seleção.
Quem viver, verá.
Mas não é preciso ser expert para perceber que o futebol brasileiro passa por um momento crucial. O problema não é novo, mas precisou uma derrota acachapante para que muita gente, entre leigos e entendidos, desse vazão ao que não se tinha coragem sequer de pensar: o futebol brasileiro precisa de um choque de realidade. Na minha opinião, na minha leiga opinião, o maior legado da Copa será uma séria discussão, a ser seguida por ações concretas e urgentes, sobre a estrutura do futebol tupiniquim e os rumos - e remédios amargos - que deverá tomar a partir de agora.
Nossos superfaturados estádios expuseram uma faceta do esporte que encanta milhões e exporta craques: somos incrivelmente amadores. Compare hoje estádios como o Morumbi e Pacaembu com os novos Arena Corinthians e Allianz Parque. Os dois primeiros ficaram com cara de estádios de interiorzão. Não se pode esperar profissionalismo quando jogamos em estádios construídos há 40, 50 anos, cujas estruturas passaram por poucas - se passaram - reformas ao longo dos anos. Ao mesmo tempo que frequentamos esses locais, sonhamos admirados com os estádios europeus e suas estruturas modernas, confortáveis, seguras e bem equipadas. E ainda tem gente que defende a volta das gerais. O problema não é o fim da geral, mas do aumento abusivo nos preços dos ingressos, com a desculpa do volume de investimento feito. Esse aumento sim, espantou o torcedor comum dos estádios. A volta da geral significaria a manutenção do status amadorístico do nosso futebol, situação essa que só interessa à cartolagem inescrupulosa.
Alguém que já tenha morado no exterior tente me explicar o seguinte: por que o nosso futebol e os nossos craques são renomados e admirados, mas ninguém compra a transmissão do nosso Brasileirão? Foram raríssimas as vezes que vi, na televisão europeia, futebol brasileiro sendo mostrado e ainda assim em rápidos "melhores momentos". Nós, por outro lado, compramos e assistimos a tudo quanto é campeonato. Até o grego. Isso é sinal de alguma coisa, não? E não nos vangloriemos da invenção do sprayzinho de espuma de barba. É legal, mas é muito pouco.
A exportação de profissionais é boa para o esporte. Mas não basta. Muitos desses profissionais não voltam para cá a não ser em fim de carreira, ou para jogar na seleção, de vez em quando. Precisamos deixar o orgulho de lado e importar também técnicos. A CBF quebra a cabeça para substituir Mano Menezes, Dunga e Felipão. Ora, que tal fazer uma oferta ao Guardiola, ao Mourinho, ao Klinsmann ou algum outro desse calibre? É tão herética assim a ideia de técnico estrangeiro dirigindo a seleção? Ou em clubes, que seja? Até quando vamos ficar nessa de país do futebol, de estádios ruins e futebol - me desculpem os entendidos - pra lá de feio e ineficiente? Se nosso futebol é tão fantástico, por que o sonho de 11 em cada 10 jogadores é ir para a Europa?
Recapitulando: os novos - vá lá, superfaturados - estádios, ou Arenas, como preferir, expuseram a falta de conforto e de segurança dos velhos estádios. Quem viu o documentário sobre a demolição da Fonte Nova, deve ter ficado, como eu fiquei, horrorizado com as cenas de concreto se desfazendo nas mãos dos engenheiros. E não era a área das cativas não, mas a da geral, que estava caindo aos pedaços. Que mais clubes e cidades sigam o exemplo e passem a adotar o novo padrão de estádio. E não precisa superfaturar, apenas fechar um bom contrato. Como Palmeirense, cito novamente o Allianz Parque, que ficará pronto por cerca de R$ 500 milhões. A cessão dos direitos do nome rendeu ao clube cerca de R$ 300 milhões. É essencial que se mude a maneira como o futebol é encarado por aqui.
Faz-se necessária uma urgente reestruturação dos órgãos digo, entidades, que comandam o esporte. Saem cartolas e entram gestores e administradores. A criação de uma liga, nos moldes das ligas norte-americanas pode não ser a solução, mas são uma alternativa interessante, como sugeriu um amigo.
Mas tenho dúvidas se a vexatória derrota para a Alemanha vai ser suficiente para deflagrar essa discussão e promover a mais que necessária mudança na montanha que é a CBF. Meu medo é que semana que vem tudo terá sido esquecido e continuaremos com nosso Brasileirão como sempre foi e com técnicos mais ou menos bons, tentando montar uma seleção só com "estrelas" sem a preocupação com a base, já que esta, como está, só quer chegar a times de primeira divisão para usá-los como trampolim para o exterior e quem sabe ser escalado para uma próxima campanha mais ou menos da Seleção.
Quem viver, verá.
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