A sujeira e a fiscalização

Inteligência. A falta dela pode ser apontada como culpada por vários exemplos de má administração Brasil afora. Não é exclusividade nossa, mas vou-me ater à realidade que vivo.
Em Brasília, há algum tempo, nos tempos do pilantrão José Roberto Arruda, foi editada uma lei semelhante à Lei da Cidade Limpa, de São Paulo, embora não tão radical. Funcionou durante um tempo e atuou sobretudo com relação a faixas de propaganda afixadas em locais proibidos. Não durou.
O que se vê pela cidade hoje é a sujeira visual que toma conta de tudo, dos pontos de ônibus às rotatórias nas áreas comerciais. Vê-se de tudo: faixas que anunciam a venda de um apartamento, sushi, festas e shows, cartazes colados nas placas de trânsito, postes e paredes, caminhões-grua com faixas gigantescas que, se não são fixas, são do tamanho de um outdoor. Estes caminhões, aliás, ficam estacionados em qualquer lugar, inclusive sobre canteiros. E nada acontece.
Não faz muito tempo vi um rapaz pregando cartazes de uma cartomante, com cola, nas placas que indicam os edifícios nas superquadras da cidade. Em plena luz do dia. Tem faixas que são recolhidas pelos "donos" ao fim do dia, só para serem recolocadas no dia seguinte. A AGEFIS, Agência Fiscalizadora do DF, diz em seu site que em 2012 quase 29 mil faixas foram retiradas das ruas, com 955 responsáveis identificados e 414 multas emitidas (dados de alguns meses atrás). É pouco. A indústria das faixas lucra horrores com isso e as ruas continuam cheias delas. E falo só sobre o Plano Piloto. Nas satélites é pior, pois elas se parecem com cidades do interior, onde tudo pode.
A mesma AGEFIS alega não ter gente suficiente para realizar o trabalho.  Até pode ser, mas a meu ver, alguns fiscais de moto, equipados com smartfones poderiam identificar e fotografar essas faixas enquanto outro grupo trabalharia na identificação dos responsáveis e na emissão de notificações e multas. E acho que as empresas que fazem a divulgação deveriam igualmente ser responsabilizadas. Veja bem: a empresa A organiza um show na cidade. Contrata a empresa B para produzir material e fazer a divulgação do evento. Esta manda gente para as ruas para distribuir panfletos nos cruzamentos - atividade que não me incomoda - e colar cartazes. Estes são fixados em qualquer lugar, sem o menor critério. Nesses casos, similares ao das cartomantes, para citar um exemplo, acho que a empresa de divulgação deve ser co-responsabilizada. E multa de 300 a 1000 reais, convenhamos, são muito levinhas, pois as cópias mal-feitas de Mãe Dinah continuam a sujar a cidade. Impunes, ao que parece.

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