Supergrupos

Post musical, para quebrar a série de "Letras da Semana".
A expressão "supergrupo" foi cunhada para designar um grupo musical, ou banda, formada por elementos de destaque ou já consagrados no cenário mundial. Esses elementos, não raro, não abraçam o conceito de supergrupo, que em geral soa como um-grupo-de-famosos-egocêntricos-que-resolveram-juntar-forças-para-fazer-mais-do-mesmo.
Tá. Exagero. Alguns grupos exibem material de excelente qualidade e conseguem mesmo por os egos de lado e produzir bons discos, com marca única, que em pouco lembram seus trabalhos solos ou em bandas anteriores.
Raro é um supergrupo durar mais que dois discos, entretanto.
Um dos primeiros supergrupos de que se tem notícia, provavelmente, é o Modern Jazz Quartet. Formado em 1952 por Milt Jackson, John Lewis, Percy Heath e Kenny Clarke (substituído por Connie Kay, em 1955). Seus elementos saíram das melhores bandas e grupos de jazz da época e o último trabalho deles data de 1993.
Os anos 60 e 70 foram ricos em supergrupos. Comecemos com o Blind Faith. Formado por Eric Clapton, Steve Winwood, Ginger Baker e Ric Grech. Gravaram um único disco, mas sua marca ficou gravada na história da música. Recentemente, Clapton e Winwood se reuniram para tocar canções desse álbum, além de material das carreiras solo de ambos.
Clapton e Baker haviam acabado de sair do Cream - cuja formação original reuniu-se também, há um ano ou mais, para uma série de concertos que culminaram com o lançamento de disco ao vivo e DVD.
Mais ou menos na mesma época, Neil Young juntava-se ao já super Crosby, Stills and Nash. Neil fizera parte do Buffalo Springfield, banda que também teve Stephen Stills em sua formação. David Crosby fora expulso do The Byrds e fizera alguns trabalhos como produtor e continuava a compor. Graham Nash era egresso do The Hollies. O CSN calcava seu som no folk-rock e surgiu em 1969. Young só se juntaria ao grupo em 1970. Exceção à regra, atravessou décadas em atividade, ainda que intermitentemente.
Adentrando os anos 80, vem o Asia, rotulado como rock progressivo. Formado originalmente por Geoff Downes, John Wetton, Steve Howe e Carl Palmer, oriundos de bandas como Yes, King Crimson, The Buggles e Emerson, Lake and Palmer. Seu primeiro disco foi considerado disco do ano pela Billboard. Teve várias formações e uma reunião em 2007.

Os anos 80 viram a formação de outro supergrupo. Causou uma certa confusão, este aqui, pois as vozes eram facilmente reconhecíveis, porém os créditos listavam, no primeiro disco, Nelson, Lefty, Otis , Charlie T. Jr., e Lucky, os Traveling Wilburys. Os pseudônimos escondiam (?) ninguém menos que George Harrison, Roy Orbison, Jeff Lynne, Tom Petty e Bob Dylan. No Vol. 3 (o segundo disco), mudaram a piada  e os pseudônimos viraram Spike (Harrison), Clayton (Lynne), Muddy (Petty) e Boo (Dylan), este disco foi gravado e lançado após a morte de Roy Orbison. 
Apoiados por bons músicos de estúdio, como o baterista Jim Keltner, fizeram dois discos impecáveis calcados em rock sulista, folk e country, com destaque para as faixas "Handle With Care", "Poor House" e "End of the Line".
No início dos anos 90, Ry Cooder, Jim Keltner, John Hyatt e Nick Lowe juntaram-se para criar o Little Village.
Calcado igualmente em rock sulista, country e folk teve algum sucesso, mas lançou apenas o disco e homônimo. União harmônica de grandes compositores poucas vezes vista, teve vida curta.
Pulemos um pouco para falar de dois mais recentes - não, não vou citar aquela coisa bizarra envolvendo Mick Jagger e a gracinha da Joss Stone. Comecemos com o Chickenfoot.
Esse reuniu Sammy Hagar (ex-Van Halen), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Mark Anthony (Van Halen) e Joe Satriani. O que esse improvável grupo conseguiu foi amainar os ânimos principalmente do vocalista e do guitarrista. Satriani aparece mais comedido, assim como Hagar. Música para ouvir sem compromissos, improvavelmente divertida. Kenny Aronoff substitui Smith em turnê recente. E chegamos a uma descoberta recente, mas que já lançou dois discos desde 2011. The Gaddabouts:
Da esquerda para a direita, Edie Brickell, Steve Gadd, Pino Palladino e Andy Fairweather Low. Não sei muito o que dizer sobre a banda, pois ainda não adquiri os discos deles. Mas a combinação parece-me fantástica, calcada também em blues, folk, rock e outras influências afins. Soa ótimo.


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