Segurança X Seguro Obrigatório - Pt. 2

Apesar do título, o post anterior não atacou como deveria a equação seguro obrigatório = gastos com vítimas de acidentes.
Sempre que uma estatística é mencionada, sobretudo pela grande imprensa, sempre me soa como algo direcionado a angaria a antipatia do leitor contra a motocicleta e o motociclista. Por quê? Ora, se só é mencionado que o "sistema público de saúde gasta x milhões por ano com vítimas de acidentes envolvendo motos" falha em informar quanto se arrecada na forma de seguro obrigatório. Para quem não sabe, ilustro:
vou pagar, este ano, de seguro obrigatório para meu VW Polo sedan 1.6, que pesa uma tonelada, não tem airbags nem ABS exatos R$ 101,16. Para minha Yamaha XJ-6n, de 600 cilindradas (0.6 para os automobilistas), que pesa em torno de 200kg, exatos R$ 279,27 serão pagos a título de seguro obrigatório. Por quê a diferença? Moto é perigoso. Não, carros não matam. Quando eles fecham uma moto, é culpa da moto, suponho?
Não vem ao caso. O que vem ao caso é saber quanto se arrecada de seguro obrigatório, quanto desse seguro reverte para o serviço de saúde pública. E tornar isso público. A grande e não-especializada imprensa faria um favor superior à sociedade se tratasse assuntos como esse com isenção. 
Outra coisa que nunca vemos quando estatísticas de acidentes são apresentadas é a indicação dos culpados. De todos os acidentes envolvendo motos na capital federal, por exemplo, qual percetual é culpa dos motociclistas e qual é culpa dos motoristas. Assim, se na maior parte das vezes a culpa é do motociclista, significa que é com eles que devemos trabalhar. Ao contrário, se a maior parte dos culpados são os motoristas, aí trata-se de parar de demonizar a moto e o motociclista e evitar que a imprudência dos motoristas matem aqueles que são figuras mais frágeis no trânsito, cuja máxima é "a responsabilidade pela segurança do mais fraco é do mais forte". Fazendo isso, poderemos ainda descobrir que o poder público tem grande parcela de culpa pelos acidentes de trânsito, seja por omissão quanto à educação, fiscalização e formação adequada dos condutores, seja pelo descaso com a situação das vias públicas.  
Enfim, não se trata somente de dizer quem morre mais ou quem mata mais, mas de apontar os verdadeiros culpados, sejam quem forem, e usar isso como ponto de partida para um trabalho mais bem elaborado e amplo. Os engenheiros que projetam as vias públicas devem levar as motocicletas em consideração, o governo pode abrir mão de impostos sobre equipamentos de segurança, e todos motoristas, motociclistas e pedestres podemos encarar o trânsito como coisa séria e passar a agir como cidadãos educados.
Pilote seguro. Pilote equipado.

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