Quando as coisas dão muito, muito errado

O sábado não acabou bem.
É curioso como certas coisas acontecem. Num momento está tudo bem, tudo tranquilo. Poucas horas depois, instala-se o caos.
Tive culpa em muito do que aconteceu na tarde daquele dia que começou lindo. É bem verdade que os bons goianos não são lá muito bons em dar informações.
Saio de Inhumas, teoricamente em direção a Pirenópolis. Não tinha mapa comigo, a não ser um roteiro impresso do Google Maps. Não estava bom. Muito menos completo. Perdi a saída, rodei uns tantos quilômetros e cheguei numa cidadezinha cujo nome já me esqueci. Ao ver a confusão no trânsito na saída da cidade perguntei a um policial pelo caminho certo. - Pirenópolis? Ih, você tá longe.
Aquela deveria ter sido minha deixa para voltar pelo caminho por onde tinha vindo, afinal não ando mais de 250, mas numa potente 600 cilindradas. Segui a indicação do policial, que me levaria por uma estrada estadual, via umas duas ou três cidades, até Pirenópolis, de lá seria fácil até Brasília.
Na cidade seguinte, descobri que a indicação do policial incluía 17 quilômetros de estrada de terra, que ele classificou como "um pedaço ruim da estrada", não como o que realmente era. Nuvens carregadas no horizonte me diziam para não seguir. Perguntei novamente por direções. Um sujeito me disse com toda a segurança: - Pega a Belém. É até mais rápido. Só tem obra nas pontes. O resto tá novinho.
Triste hora em que resolvi seguir a indicação do sujeito. Ele podia ter me dito que com minha moto seria melhor não tentar aquele caminho. Lá fui. Ignorando a vozinha que me dizia para voltar, segui em frente. Topei com o primeiro trecho "em obras". Haviam acabado de canalizar um riacho e o resto era terra. Transitável, mesmo com minha moto. Mas...lá na frente a coisa ficou feia e a terra batida virou atoleiro. Mais uma vez perguntei se havia muitos trechos como aquele. Recebi respostas vagas. Como alguém pode não dar uma resposta precisa tendo acabado de passar pelos trechos em questão?
Mais um trecho difícil e a moto junto com o moral foram ao chão. Quase me desespero ao ver a Branca ali, no barro, fumaça saindo do motor quente em contato com a lama fria. Reuni forças para levantar o bicho de mais de 200kg e consegui. Santa Adrenalina. Salvo a sujeira e um manete fora do lugar, nada quebrado.
Seguiram-se outros trechos muito difíceis que só consegui transpor graças à ajuda de transeuntes que por ali se achavam. Mais à frente, num trecho de terra bem batida que, com a água transformou-se num barro muito liso e grudento, chão de novo. A esta altura eu não acreditava que tinha me metido numa enrascada daquele tamanho. Fotografar aquela situação toda me passou pela cabeça num único momento. Mas o que eu queira era sair dali o mais depressa possível, pois se com aquela garoa a coisa estava daquele jeito, quando caísse o chuvão que estava prometendo, só de trator.
Finalmente, depois de mais dois trechos menos complicados, encontrei a BR-153 e muito movimento de veículos, o que àquelas alturas me pareceu ótimo. Parei num posto para reabastecer e tentar descobri onde eu estava afinal de contas. Eis a situação da Branca, nesta parada:
A frentista me disse que a próxima cidade seria Anápolis e que se eu quisesse ir para Pirenópolis, bastava pegar uma saída antes da cidade. Pensei comigo: nem pensar. Já beirava cinco da tarde, horário em que era para eu estar chegando em Brasília. Faltavam mais de 200 quilômetros. Enfim, decidi pelo certo: vou para Anápolis, pego a 060 que é duplicada e já já estarei em casa. Falei com Bia, que já estava muito preocupada - sorry, honey - e disse que o pior já tinha passado e que ia demorar um tantinho mais. E eis que, chegando em Anápolis cai a chuva das chuvas. Não quis parar, o trânsito não estava complicado, apenas diminuí a velocidade e deixei que a chuva lavasse o barro da moto e de mim. Paradinha rápida, já noite, na 060 para relaxar e vamos que vamos. Cheguei em casa passava das 9 da noite, dores por todo o corpo, a mão direita quase sem movimento e várias lições aprendidas: na dúvida, fique com o certo. Se o certo não for alternativa, esteja preparado (carregar um mapa é sempre uma boa idéia). Voltar nem sempre significa andar para trás.

Comentários

Kaká disse…
Ou talvez: "jamais confie em informaçöes de trânsito dos goianos"? E, vai por mim, dos campineiros também!

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