Carnaval

A-la-la-ô. Vou ficar longe da folia. Fico longe da folia há anos. Perdi a graça com carnaval quando ainda brincava as melhores noites no clube da minha cidade (que já não existe mais. O clube, não a cidade, apesar que isso pode ser só questão de tempo). Naqueles idos anos dos quais pouco me lembro, as bandas que tocavam nos clubes começaram a dar espaço à horrenda, chata e pouco criativa música baiana. Era o começo da axé music. Não dava para seguir no ritmo que seguíamos as deliciosas marchinhas, arrastando os pés, malemolentemente, noite adentro. O ritmo era outro, tinha que ter quadril e, no carrossel em que se transformava o salão, simplesmente ficava fora do ritmo. Axé era minha deixa para sair do salão, tomar umas cervejas até que as marchinhas fossem retomadas. Sou um defensor ardoroso delas. A junção na mesma batida de inocência e malandragem, com letras facílimas de decorar - e que fazem sentido, ao contrário de criações de gênios como Carlinhos Brown - com uma generosa dose de irreverência vinham fazendo falta nos nossos carnavais. Até os sambas-enredo das escolas de samba ficaram chatésimos de doer.
Felizmente há luz no fim do túnel. Espetáculos como "Sassaricando" trouxeram à tona clássicas marchinhas e outras nem tão conhecidas. O que impressiona ao assistir o show é a quantidade daquelas músicas que a gente conhece. Há todo um movimento hoje para revitalizar a marchinha e o carnaval com ela embalado. Que ele volte, não como revival, mas como uma força a ser reconhecida. Quem sabe assim eu volto para os salões. Bom carnaval a todos.

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