Show de horrores. Acho que essa é uma boa definição para as eleições deste ano. Impossível não chegar à conclusão de que não sabemos mesmo votar. Para muitos de nós, eleição é uma obrigação da qual nos desembaraçamos num domingo qualquer, com a mesma leviandade com que jogamos o osso de frango assado no lixo. Pronto, acabou. O que vem agora?
Impossível não levantar o assunto Tiririca. Podemos descartá-lo como uma brincadeira de mau gosto que deu muito errado? Mais de um milhão de eleitores resolveram entrar na brincadeira e dar uma chance ao sujeito. Prefiro pensar que ele vá realmente fazer alguma coisa, que por trás da fachada galhofeira existe alguém com alguma proposta que preste. O problema é que o próprio candidato preferiu vender outra imagem. Preferiu vender a imagem do Tiririca, o cantor-palhaço, fazendo uma campanha chula e sem nada de concreto. Se a sua eleição foi um voto de protesto, minha conclusão é de que foi um voto de protesto que deu muito errado. E ainda levou com ele vários candidatos dos quais sabemos menos ainda.
Enquanto isso, no Distrito Federal, o coroné põe em andamento uma manobra no mínimo suspeita e consegue criar a mulher-laranja. Seu despreparo é tal que os candidatos adversários, em debate na TV tiveram de ser extremamente polidos e não usaram esse despreparo contra ela. Não sei se o coroné teria sido tão educado. Foi um show de horrores que seria cômico, não fosse tão trágico. Os melhores momentos são um hit no YouTube. A manobra acabou dando certo e graças à divisão entre a esquerda distrital e ao imenso curral eleitoral do coroné, vamos ser obrigados a voltar às urnas num segundo turno, que espero não tenha o desfecho trágico de ver o coroné de volta à cadeira de governador, como eminência parda.
Outra nota negativa das eleições por aqui foi o flagrante desrespeito à lei eleitoral às vésperas das eleições. A lei manda que a propaganda eleitoral tem que sumir das ruas no dia que antecede à votação. O que se viu foi o aumento de faixas e cartazes irregulares espalhados por todos os cantos do DF. E não foi só esse ou aquele candidato. A prática foi utilizada por todos. Na madrugada, todo o excedente da campanha acabou nas ruas e calçadas próximas e até defronte às zonas eleitorais. Boca de urna passiva, é o que é. Era impossível não se dirigir ao local de votação sem passar por um mar de papel jogado no chão. Uma vergonha. Um exemplo que a capital federal não tinha de dar.
As notas positivas dão conta, no entanto, de foi dada uma boa renovada na câmara distrital, elegemos bons deputados federais e dois excelentes senadores, nas figuras de Rodrigo Rollemberg e Cristovam Buarque. Agora é ficar de olho nessa turma toda e não dar trégua à carne fraca da corrupção.

Comentários

Postagens mais visitadas