Turning american

A tradução do título é "virando americano".
Acompanho o mundo automobilístico e motociclístico há anos, através de revistas, programas de tevê, etc. Os norte-americanos sempre foram conhecidos pelo desperdício. Carros enormes, com motores enormes, para motoristas enormes. As crises de anos recentes tem feito com que os consumidores daquele país passassem por uma transformação. As fábricas de automóveis daquele país, hoje, começaram a lançar carros antes inimagináveis naquele mercado. Carros minúsculos como o Smart passaram a ser vistos com outros olhos. De desconfiança, passaram a ser vistos com admiração e cobiça. Eles finalmente entenderam que um carro não precisa ser gigantesco para ser eficiente ou confortável e que motores pequenos e econômicos são mais do que uma mera necessidade no mundo de hoje.
Nós, brasileiros, estamos virando americanos, no entanto. A recente pujança econômica por que passa nosso país despertou o consumista enrustido que havia em nosso povo. Basta dar uma olhadinha em nossas ruas. Alguém já notou a quantidade de SUVs que vemos rodando por aí? Algumas marcas chegam a ter três modelos diferentes desses veículos. O cliente compra o menor, porque seu dinheiro só compra aquilo. Mas logo ele cobiça o modelo ligeiramente maior, e logo, logo o maior ainda e por aí vai. E esses carros são equipados, na maioria das vezes, com motores potentes, a gasolina. Até há pouco tempo, nos EUA, SUVs e pick-ups enormes vinham equipadas com motores V8 a gasolina. O americano só está descobrindo as vantagens dos modernos motores a diesel agora. O etanol também existe por lá, mas me parece que ainda há uma aura de desconfiança cercando esse tipo de combustível. Mais medo de ficar sem carro tem o americano de ficar sem comida.
E nós, com nossa ascensão econômica, estamos indo no mesmo caminho. Claro que, ao contrário dos americanos, temos uma cultura de carros pequenos e econômicos. mas também temos a cultura do querer sempre mais, do achar que o do vizinho é melhor, e não é raro ver gente solteira desfilando em seus SUVs orgulhosamente. Fazer o quê. Temos a impressão - equivocada, na minha opinião - de que nosso etanol salvará a pátria. É uma alternativa, sim, não uma panacéia. As fábricas tem anunciado com orgulho versões de suas caminhonetes com motores flex. Isso significa carros de quase três toneladas movidos por motores a gasolina/etanol. Nada econômicos. Sim, o meio ambiente agradece o uso do etanol, menos poluente. Mas não vai agradecer quando o mercado exigir o aumento da produção, porque o número de carros beberrões movidos pelo combustível renovável disparou. Isso sem falar que hoje, na maioria dos estados brasileiros, não compensa rodar com álcool. Perdão, etanol. O nosso fantástico etanol perdeu toda sua vantagem sobre a gasolina. Acho que precisamos de um exame de consciência urgente. Onde vamos parar com isso? O que vai acontecer daqui a alguns anos com esse monte de SUV? Bem, eles vão estar velhos e mais baratos e vão parar nas mãos daqueles que os cobiçavam mas não podiam comprá-los. Vão estar desatualizados e seus donos não terão grana para mantê-los em perfeita ordem de funcionamento. Entenderam onde quero chegar, não?

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