Con...fuso
Levei quatro dias para conseguir dormir uma noite normal de sono, após chegar a Hamamatsu. A diferença é de 11 horas, nesta época do ano, mas o pior é a viagem. Escolhemos ir pela Europa. Pessoalmente acho que não há deslocamento menos cruel. Não há rota possível que torne essa viagem mais palatável. A não ser que se durma uma noite (ou algumas horas, pelo menos) no meio do caminho.
Em seguida há o estranhamento com a comida. Para nós, café da manhã signifca pão, manteiga, queijo, etc. Para eles, arroz, peixe, e por aí afora. Para as refeições normais, tudo se normaliza. Ou quase.
Uma semana depois de chegar ao Japão e chegou a hora de ir para Taiwan. Tudo diferente, muito diferente. Os taiwaneses adoram o Japão. Mas a maioria não fala japonês. Existe uma Taipé moderna, de arranha-céus e ruas perfeitas. E logo ali do lado existe a outra, mais antiga, mais bagunçada, mais tradicional. Percebe-se, de cara, uma diferença brutal: o Japão é mais silencioso. Os japoneses fazem tudo mais silenciosamente. Quando fomos a Kyoto (objeto de outro post, mais tarde), tomamos o Shinkansen. Não se ouve nada além do ruído do funcionamento do trem.
Outra coisa que chama muito a atenção em Taipé são os scooters. Milhares deles. O que estou dizendo, podem facilmente ser milhões deles. Acho que se se abolissem os scooters aquele país pararia. Eles estão por toda parte, de todo tipo e modelo, pilotados por toda gente. De jovens a idosos, homens e mulheres. Normalmente com um ou dois passageiros. Às vezes mais.
Dizem que por ali se fala o chinês mais clássico. Chinês que, aparentemente, não se ensina mais nem na China. E a comida...bem, deve-se aplicar mais uma generosa dose de adaptação. A culinária chinesa que conhecemos e gostamos é muito simples e do nosso gosto. Os chineses raramente exportam o que é mais peculiar. Em alguns casos, graças a Deus. Caminhando um dia pela rua que levava do hotel para o escritório, passei por dois restaurantes - vamos chamá-los assim - e senti o que posso garantir foi o pior cheiro já exalado por uma cozinha. Vi uma mulher mexendo com algo que se parecia com uma pele de porco, mas não imaginava que aquilo pudesse estar exalando aquele odor. Descobri depois. O negócio chama-se "choutofu". Nada mais é do que tofu frito em imersão. São utilizados certos produtos químicos que ajudam na conservação do queijo. Ao contato com o óleo quente - este muito provavelmente velho como a própria Muralha - sobe um fedor indescritível. Por outro lado, há lugares que servem coisas maravilhosas como os dumplings cozidos no vapor, recheados com carne de porco, camarão e vegetais que são simplesmente incríveis. Carne de porco frita servida com arroz frito com ovo, por exemplo, absolutamente divina.
Bem, agora é lidar com o fuso da volta. A cabeça demora a processar as coisas, o organismo se recusa a funcionar direito, o sono está completamente torto. Mais alguns dias então. Tenho algumas fotos para mostrar e pretendo escrever um post sobre a visita a Kyoto. Até.
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