Rossi e o nono ovo.

Exímio acertador de motores e suspensões, piloto arrojado, de técnica limpa, Rossi faz tudo parecer muito fácil. Exceto para seus concorrentes, que parecem pedir a Deus que faça algo para pará-lo. Não foram raras as vezes que Rossi, após uma largada complicada, veio lá de trás, ultrapassando um por um, como se eles não existissem, e terminasse por ganhar a corrida. Mais de uma vez ele caiu, levantou-se, e terminou lá na frente. Ver Rossi pilotar é como assistir um maestro compor sua obra-prima. É isso. Cada corrida é uma obra-prima. Dá gosto vê-lo correr. Suas comemorações nada têm de presunçosas ou humilhantes para os derrotados. Pelo contrário. Rossi, quando comemora, mostra a todos o quanto gosta daquilo que faz. É fato que ele ganha bem por isso. Mas outros pilotos, na sua situação, já teriam se aposentado. Ele ainda tem pelo menos dois anos de contrato com a Yamaha.
Pois é, Yamaha. Quando anos atrás ele simplesmente deixou aquela que era considerada a melhor equipe, com a melhor moto do mundial, imbatível havia anos, a poderosa Honda Repsol, ninguém acreditou. Trocar aquilo tudo pelo azarão que ninguém conseguia fazer competitiva: a Yamaha M1. Loucura. Diziam que ele tinha jogado sua carreira pela janela. Mas Rossi, antes de mais nada, é um homem inteligente. Não dá ponto sem nó. Assim como suas desconcertantes ultrapassagens, sua estréia na Yamaha deixou o mundo boquiaberto. Não só ele ganhou a primeira prova que disputou com o azarão, como ganhou também o campeonato daquele ano. Rossi devolveu a alegria aos Yamahistas, órfãos desde o abandono de Wayne Rainey, que ficou paraplégico depois de um acidente. Nesses anos, deixou de ser campeão duas vezes. Mas voltou sempre. E levou o campeonato para casa.
Assistir a uma prova de MotoGP ao vivo, como tive oportunidade de fazer por três vezes, é como ir a um clássico num estádio de futebol. A única diferença é que há apenas uma torcida definida: a de Vale. Seus torcedores são tão fanáticos quanto os ferraristas. Quando Rossi faz uma ultrapassagem em qualquer ponto do circuito, não é preciso olhar para o telão para saber o que aconteceu. O urro da torcida (que só pode ser a torcida dele) faz-se ouvir por todo o autódromo, acima mesmo do rugir dos poderosos motores. Jovens de ambos os sexos, crianças, mulheres, velhos cheios de tatuagens e roupas de couro, todos exibem pelo menos algo que os identifique como um fã do incomparável Doutor. E ele não os decepciona. Rossi é admirado por seus fãs. Invejado...e admirado por seus adversários. Admirado até por seus ídolos. Um campeão como nenhum outro. Domingo passado, Rossi adicionou mais um ovo à sua cesta de campeonatos. O ovo de número 9. Outro como ele, tenho para mim, vai demorar muito ainda a aparecer.
Valeu, Vale.
Comentários
2º: sou uma das que sentiu falta, cansei de ler "Turistas e lojas convenientes" nas últimas semanas.
3º: credo! Ele só tem 31??? Me senti 1/2 zero à esquerda em realizações profissionais com a comparação de idade.
4º: ele é Rossi, então bebe Martini?
5º: velocidade é f...! Apaixona.
6º: não demore pra postar de novo.
7º: quarta-feira é dia de cerveja.
8º: saudadocê!
9º: nada.