I belong

O homem tem, desde seu nascimento, a necessidade de "pertencer"a algum lugar, a um grupo. Sente, ainda que a negue, a necessidade de se identificar com alguma coisa, algum ideal, alguém. Daí nasceram o casamento, os partidos políticos, grupos de motociclistas, torcidas de futebol, clubes de truco e por aí afora.
Como ser social, ele tem gravado em seu subconsciente o dever de fazer parte de alguma coisa, de ser aceito por seus pares. Às vezes não funciona. Os resultados são desastrosos. Ele confunde indentificação com submissão e a coisa se turva. Mas divago.
Em certas ocasiões, essa identificação toma formas singelas: você frequenta todos os dias o mesmo bar, por semanas, até que um dia, ao entrar, o dono diz para um dos empregados "uma Skol (ou qualquer que seja sua marca preferida) pro meu amigo aqui". Você não é amigo do cara, mas cliente. Entretanto, a sensação é de amizade.Você foi aceito no círculo dos frequentadores daquele lugar. Não pediu isso, apenas conquistou pela simples presença constante ali. Passou a fazer parte do grupo de assíduos daquele bar. E lhes digo, amigos, a sensação de pertencer a alguma lugar é muito reconfortante. Se você passa anos fora do seu país, longe da sua cidade, longe da família (fisicamente, ao menos) e dos amigos, algo se perde. Suas raízes. Suas conexões. O papo com os amigos tornou-se genérico. O que antes lhe parecia interessante, deixou de ter a mesma importância. E você se sente "assitu". Inventei isso, não existe. Mas quero dizer que você fica com a sensação de simplesmente não pertencer a lugar algum. O país ou cidade que escolheu para viver ainda não lhe "adotou". Sua cidade natal já lhe parece estranha a ponto de você andar pelas ruas e não reconhecer quase ninguém. As pessoas se perguntam quem é o cara "de fora"e apontam para você. Em suma, você não "pertence" a lugar algum.
E quando você entra no bar e alguém mandar "descer" a sua cerveja sem que você peça, você se dá conta de que agora sim, aquele é seu lugar. Aquele bar, aquela quadra, aquele bairro, aquela cidade. E esse sentimento não tem preço.

Comentários

Ton disse…
Eh? Não. Já curei. O texto foi inspirado por uma constatação.
Kaká disse…
Sim... verdades pouco aceitas pela maioria das pessoas. Tem gente que acha que o tempo parou e que tudo tem que ser ingualzim antes. Não é. Que bom!
Ah, pergunta, ainda anda pelos caminhos tortos do destilado? Ou só do outro lado, digo, só fermentado?
Ton disse…
Sou democrático. A Vale Verde dorme no freezer e as Stellas e Therezópolis, na parte de baixo da geladeira. NO boteco ainda prefiro a Antarctica Original.

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