Tecnologia e a volta ao passado

Se é verdade o que se diz sobre moda, tudo o que vai, volta. Poderíamos dizer que isso não se aplica à tecnologia, certo? Não me parece que os carburadores, que se por um lado ainda não desapareceram por completo, darão uma reviravolta e ocuparão lugar de destaque nas pranchetas dos engenheiros mecânicos do mundo, substituindo as atuais e muitíssimo eficientes injeções eletrônicas. Que o diga meu Fusca 1300L 1978. Computadores, por sua vez, dificilmente voltarão aos anos não muito dourados de válvulas e monitores monocromáticos.

Entretanto, algumas coisas teimam em não sair de cena.

Esta foto, tirada com minha adorável Canon A590is digital, de 8.0 megapixels, mostra minha não menos adorável Pentax P30t. Manual. Sem autofoco. Sem motor-drive. Anacrônico? Not so fast. Prova de que o mundo moderno ainda guarda lugar para velhas e boas invenções, as câmeras "de filme" resistem bravamente. Ainda podem ser encontradas por aí. Outro dia vi um anúncio em loja de São Paulo, oferecendo uma Nikon FM2 por módicos R$ 2 mil. E os filmes? Alguns fabricantes chegam ao ponto de fabricar apenas filmes preto e branco. Há alguns anos me lembro de ouvir os sábios e entendidos de plantão decretando o fim do vinil. Não aconteceu. Não só o velho e bom LP não desapareceu como fez um retorno triunfal. Hoje, todo artista que sabe de alguma coisa, certifica-se de lançar seus novos álbuns também no velho e flexível formato.

Mas o que nos atrai nessas "velharias"? Os defensores do vinil dizem que o som digital é ruim, sem profundidade, sem cor, sem alma, sem nada. Exagero, lógico. Não defendo as velhas tecnologias ferrenhamente. Não. O novo é bom, e é bom que ele exista. Sem renovação o mundinho velho nosso de cada dia ficaria bem chatinho. Não à toa, minha coleção de CDs já passou de 1.000 há tempos. O que me atrai na minha velharia fotográfica é a sensação de solidez, só encontrada em câmeras digitais profissionais. O som que faz o obturador quando aciona a cortina e esta se abre e fecha é inigualável. Parece uma guilhotina. Sim, é chato não ter como ver as fotos na hora, nem como ter certeza de que saíram como se pretendia. Mas...a hora do clique é a que mais importa. Meu êxtase fotográfico acontece no clique. Se a foto ficou legal, é a recompensa.

Portanto acho que a mensagem aqui é: não existe velharia, nem tecnologia ultrapassada. Tudo pode ser gosto adquirido. Bom fim-de-semana.

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